Novo olhar sobre a história de Duas Estradas-PB é tema de pesquisa desenvolvida na Universidade Federal da Paraíba
Apesar dos avanços, grande parte das cidades paraibanas tem dificuldade em construir uma história local que não esbarre no apologismo das velhas elites políticas, religiosas e agrárias. Todas elas carregam uma memória oficial, moldada para enaltecer determinados personagens. Em Serra da Raiz-PB, por exemplo, há até um feriado municipal em homenagem a Luís Gonzaga de Oliveira (1915-1971), sacerdote, fazendeiro e escritor paraibano que, por meio do jornal A Imprensa, apoiou o golpe civil-militar de 1964.
Infelizmente, o município de Duas Estradas não é exceção. Nele, o fenômeno se repete: ruas e escolas ostentam o sobrenome Costa, símbolo de um processo histórico que privilegia famílias poderosas e silencia outros protagonistas: trabalhadores, negros e indígenas. Quando lembrados, esses grupos aparecem no tecido social como figuras folclóricas, reforçando o mito de uma elite fundadora.
Foi para questionar essa narrativa que o pesquisador João Paulo F. da Silva, mestrando em História pela UFPB, decidiu ouvir as vozes que raramente chegam aos livros: as memórias de moradores locais. Seu estudo propõe o deslocamento das fontes oficiais e, nesse movimento, abre espaço para outra história de Duas Estradas, uma que susta os velhos mitos de fundação e revela disputas, silenciamentos e resistências.
A pesquisa recebeu o título “Construindo emancipação: escolas do campo e jogos de poder em Duas Estradas-PB”, sob orientação do professor Dr. Severino Bezerra da Silva (UFPB). O trabalho foi desenvolvido no âmbito do Programa de Especialização em Educação do Campo da Universidade Federal da Paraíba e foi defendido ontem, 15/08, em reunião virtual.
Em breve, estará disponível ao público, oferecendo não apenas um novo olhar sobre o município, mas também um convite à reflexão: de quem, afinal, é a história que aprendemos a contar? Quais grupos, hoje, se beneficiam do enaltecimento de figuras do passado ligadas às elites políticas e econômicas locais?
Mais importante: quais seguem invisíveis? A resposta aponta para os trabalhadores e trabalhadoras que, mesmo após gerações, continuam lutando pelo básico, numa realidade marcada por dependência e desigualdade.
Pesquisador experimentado, João Paulo Ferreira possui larga experiência em pesquisas acadêmicas nas áreas de História e Educação. O acadêmico é membro dos Grupos de Pesquisa Cotidiano, Cidadania e Educação (GPCCE), do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Álvaro Vieira Pinto (GEPAVP) e do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas NEABI/UEPB/CAMPUS III em que desenvolve pesquisa nas áreas de Ensino de História e História Afro-Brasileira.
Ademais, o historiador é especializando em: Educação, Diversidade e Inclusão Social pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (IFMS), Direitos Humanos e Direito das Pessoas Vulneráveis pela Faculdade I9 Educação e em Ensino de História do Brasil e do Mundo Contemporâneo pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Graduando em Geografia pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
Além possuir as seguintes Especialidades: Educação do Campo pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Currículo e Prática Docente nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e o Mundo do Trabalho pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), Ciências da Natureza, Suas Tecnologias e o Mundo do Trabalho pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), Mídias na Educação pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e em Gestão Pública na Educação Profissional e Tecnológica pelo Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). Além de possuir graduação em História pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) Campus III, Guarabira-PB.
Fonte: Página @Vozestudantil1
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